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Pós-pandemia: Bailarinas também choram, heróis também sofrem

A pandemia oportunizou grandes reflexões à humanidade, trouxe grandes ensinamentos sobre valores e princípios e suscitou discussões sobre desigualdades educacionais. Neste momento é preciso questionar: o que esse período pós-pandemia nos reserva? O retorno das crianças para um ambiente social após um confinamento que durou mais de um ano tende a apresentar relatos de maus-tratos e abusos, mas será que a escola está preparada para essa escuta?

No Brasil, 73% dos casos de abuso sexual ocorrem na casa da vítima, e, em 40% das denúncias, o crime é cometido por pai ou padrasto. Em nosso país, estatísticas apontam que a escola é um dos canais de maior denúncia. Durante um ano e meio, essa via se manteve fechada. Em algumas instituições de ensino, a câmera de um pequeno celular foi a conexão entre educadores e educandos. Ora, é na escola que encontramos profissionais atentos ao desenvolvimento e ao comportamento de cada faixa etária, sinalizando, na maioria das vezes, distorções nesses padrões.

Os últimos dados divulgados pelo Disque 100 durante o isolamento social apresentam queda nas denúncias realizadas. Poderíamos nos alegrar com esses dados, mas a realidade nos apresenta crianças que não tiveram como solicitar ajuda, isoladas com seus algozes. Essa situação causa uma grande preocupação com o retorno às aulas, fazendo com que sejam buscadas alternativas que auxiliem esse público.

Diante desse contexto, nasceu a obra Bailarinas também choram, que visa abordar o tema com uma linguagem acessível à criança, que muitas vezes não compreende o abuso ao qual está sendo submetida. A história relata o processo sofrido por uma garotinha, os sinais apresentados e o auxílio que ela encontrou na figura da professora. O livro aponta também canais de denúncia e a rede para acolher e beneficiar as vítimas. No mês de maio uma nova ferramenta a prevenção surgirá, a obra: Heróis também sofrem abordará o tema para os meninos, envolvendo a temática do futebol, visando alertar os meninos e ensiná-los a se protegerem contra possíveis abusadores.

Cabe ressaltar que é dever da comunidade e da sociedade em geral zelar com prioridade absoluta os direitos e a proteção à infância!


Livro:As Bailarinas também choram
Autoras: Jessica Batista Minho e Thanise Stein Narciso
Edição:Diversão em Letras

  

THANISE STEIN NARCISO
Escritora, pedagoga e especialista em neuropsicopedagogia