Estudante do Marista Assunção desenvolve projeto de educação antirracista
A iniciativa está sendo aplicada no Colégio com diferentes níveis de ensino
No início de 2022, a estudante Laila, de 15 anos, apresentou para a direção do Colégio Marista Assunção a sua intenção de desenvolver, em parceria com a escola, um projeto para implementação de cultura antirracista no Colégio. A estudante conta que a ideia surgiu a partir de um projeto de iniciação científica desenvolvido por ela: “minha pesquisa tratava sobre racismo e antirracismo no Colégio Marista Assunção. Logo após analisar os resultados, fiquei refletindo como era urgente tratarmos sobre esses temas no nosso ambiente escolar e, a partir daí, comecei a formular o Projeto Educação Antirracista”, afirma Laila.
“A ideia foi imediatamente aprovada e fomentada pela escola. As equipes de Coordenação, dessa forma, passaram a dar suporte e a buscar estratégias para dinamizar as ações, dar visibilidade e potencializar o alcance de públicos atingidos”, explica a diretora do Marista Assunção, Viviane Chiarelli.
Segundo a estudante, o principal objetivo do projeto é inserir a educação antirracista de forma natural, em espaços e atividades pedagógicas que já são desenvolvidas na escola e trazer reflexões para auxiliar a prevenir casos de racismo e discriminação. “É um projeto que pretende sair do básico de somente apontar que o racismo é errado, mas que quer problematizar sobre como ele existe e se comporta em nossa sociedade, abrindo espaços de representação e empoderamento de grupos que são discriminados, trazendo ações que realmente coloquem a educação antirracista em prática e não ficarmos somente da fala”, explica Laila.
O protagonismo da estudante em propor a iniciativa foi reconhecido pela escola com destaque, conforme conta a diretora Viviane: “ao pensarmos em como dar potência ao projeto, cuidamos para que não tirássemos o protagonismo e a autoria da ideia, conferindo à Laila o lugar de fala que lhe pertence por direito e por criação do projeto, atuando com o endosso necessário para que o trabalho seja recebido com a seriedade que o mesmo exige”.
As iniciativas desenvolvidas no projeto Educação Antirracista contam com o apoio do Grêmio Estudantil e da Pastoral Escolar (Voluntariado e PJM) para que possam abranger os diferentes níveis de ensino. Entre algumas ações já realizadas estão: contação de histórias para estudantes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I, Clube de Leitura de autores negros para estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental, inclusão de músicas de cantores e compositores negros no repertório da Banda Musical da escola.
Para Laila, o projeto é motivo de muito orgulho e a dimensão que ele vem tomando está superando as suas expectativas: “eu costumo dizer que a educação antirracista deve começar pelas crianças, esse movimento deve ser feito desde cedo nas escolas para que os indivíduos que finalizam o ciclo escolar saibam respeitar e conviver com a diversidade e abordar temas como o racismo, sem nenhum tipo de medo, em outros espaços da sua vida, levando essa pauta para cada vez mais pessoas, o que ajudaria na superação do racismo estrutural”, avalia.
A diretora Viviane também chancela a relevância da iniciativa e o quanto essa temática é importante para toda a comunidade escolar: “sentimos que a escola é um espaço privilegiado de atuação no sentido de fomentar culturas e vivenciar valores. O reconhecimento da comunidade em relação a esses movimentos é muito positivo e seguiremos garantindo tempos de debate e valorização da cultura negra, entendendo que a história negra é, também, a história da humanidade”.